quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Vereadores e vereáveis invariáveis

Espanta-me a cada pleito eleitoral municipal a quantidade de pessoas que se dispõem à sociedade para ocupar um cargo público, mais especificamente o de vereador. Ocupação de prestígio social e de alta responsabilidade para com a coisa pública.

Pelo número sempre crescente de aspirantes à vereança, deduz-se que tal prestígio é um objetivo muito perseguido e almejado. Afinal, seu nome será lembrado pelo locutor oficial do município em eventos públicos, receberá um bom salário e outras benesses que 99% da população jamais terá acesso. Toda essa mordomia não é gratuita em face das obrigações (tão escamoteadas) que um vereador possui. 

Por isso, espanta-me um pleito com tantas pessoas aptas a gozarem dos confortos, mas que não têm qualificação nenhuma para exercer a função de legislador e fiscalizador da gestão municipal, ou seja, de acompanhar com afinco os mandos e desmandos do poder executivo.

Feitas as convenções partidárias, os nomes de alguns vereáveis são de causar riso e mais que isso, desconfiança. A começar pelos analfabetos e semianalfabetos que foram reprovados ou fugiram da prova de proficiência em leitura e escrita realizada pela Justiça Eleitoral; aqueles que se afastam do serviço público não para ampliar sua contribuição à sociedade, mas para ficar pouco mais de 3 meses em "berço esplêndido", causam desconfiança igualmente aqueles que só querem "aparecer". 

Esses e aqueles outros tipos não resenhados aqui, todos sem perfil algum para enfrentar os manejos do legislar e fiscalizar, cujos históricos  não demonstram o mínimo de compromisso com a sociedade, nem sequer possuem habilidades e conhecimento para representá-la.

Ah, não nos esqueçamos dos vereadores eleitos que em 4 anos não se ocuparam de suas demandas satisfatoriamente, nem daqueles que há décadas esquentam as poltronas a cada sessão da câmara, os "vereadores profissionais", que fazem da função pública meio de vida.

Todos esses tipos não merecem um voto sequer, que dirá falar e agir em nome dos anseios da população. Na verdade, não estão lá para isso nem os aspirantes ineptos estarão, porque esses aí que estão atravancando o caminho do povo sem dar passagem (Quintana me acuda!) estão lá em causa própria, fazendo do Estado uma extensão de seu quintal familiar (agora é com você, Sergio Buarque de Hollanda!).

Vereadores e vereáveis repetem os tipos que a sociedade não precisa, pois requer-se agentes públicos que não se eximem dos seus atributos, que não seguem cartilhas nem canalizam forças apenas para o seu nicho eleitoreiro.

Legislar e fiscalizar não são tarefas banais. Pense nisso, (e)leitor.

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Observação: Neste ano (não lembro se em 2010 foi assim) a Justiça Eleitoral determinou que haja uma porcentagem mínima de candidatas na composição das chapas. Isto fez com que esposas, filhas, primas e correligionárias se candidatassem a vereadoras, porém, como "laranjas", já que não farão campanha, não pedirão votos para si etc.

Um recado para as meninas: não esqueçam de fazer a prestação de contas da "candidatura".

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