terça-feira, 14 de agosto de 2012

Um coração que bate à esquerda



Gostaria de ser um Janio de Freitas quando crescer, mas tenho paixões demais.

Para quem se interessa sobre o trabalho da mídia, eis aí um exemplo do bom jornalismo tão raro e tão caro à mídia golpista (recém-nomeada de PIG - Partido da Imprensa Golpista). Só pra constar, Janio é colunista da Folha de São Paulo, um dos jornais mais conservadores do Brasil, mesmo assim destoa da diretriz de seus patrões.

As palavras de Janio me tocaram profundamente lá pelo minuto 26, quando responde à pergunta sobre sua ideologia política, pois ele vai muito além do lero-lero de azul X vermelho e de forma sucinta ele se declara a favor do povo, nas suas palavras, os "movimentos sociais em geral", posição distinguida como esquerdismo.

Apesar de eu defender o governo Lula/Dilma em muitos aspectos, bem como não aceitar tantos outros dos mesmos, não sou petista nem filiado a qualquer outro partido. Como o nobre jornalista, eu me identifico com a causa dos movimentos sociais, seja a dos trabalhadores sem salário da Usina Laginha ou do povo da tragédia do Pinheirinho em São Paulo, sinto empatia por cada pessoa que sofre opressão e me indigno constantemente. Se os causadores desses ultrajes em geral são do PSDB ou do DEM, paciência, não pedi para serem eles.

Esquerda/direita são denominações, ao meu estreito modo de ver, insuficientes e maniqueístas demais para denominar este ou aquele partido na atual conjuntura política brasileira. No entanto, se quem aposta no neoliberalismo ainda é denominado de direita e/ou centro e quem é contra de esquerda, sou de esquerda. Isto transparece claramente nos meus textos publicados neste blog, em cada retuíte/compartilhamento que faço nas redes sociais das matérias de Carta Capital (@CartaCapital), do hilário José de Abreu (ator global e petista roxo - @ZehdeAbreu), através das charges do Carlos Latuff (@CarlosLatuff), em cada provocação etc. etc. Sempre tendo o cuidado de não ofender a integridade das pessoas, mas de debater ideias e gerar dialética.

Tento ser o mais otimista possível, entusiasmo-me com políticas públicas como o sistema de cotas e fico deprimido com a situação das escolas públicas, em especial as alagoanas, e não amenizo críticas ao governo Dilma pelo tratamento dado aos professores das universidades federais. Então, como manter o otimismo sempre em alta? Somente sonhar não basta, mas preservo a esperança, porque sempre precisamos de ao menos uma faísca para acender o fogo.

É uma posição muito arriscada ser de esquerda com tantas tramóias que os donos do poder são capazes de efetuar, ou das traições mais improváves acontecerem (os palmarinos viram isso muito bem esses dias), contudo ser covarde, não se posicionar, isso sim, é vexatório. Mudar, às vezes, além de conveniente, é necessário, porém não mudar pra pior, claro. 

Manter-se coerente aos princípios no decorrer dos anos tem exigido cada dia mais e isto está ligado à condições financeiras, que no meu caso é independente de qualquer favor que não o do meus pais. O "fácil" é tentador, sempre, jamais irrecusável também.

Sobretudo, sou a favor do ser humano, acredito que não preciso explicar o que isso significa. Sobretudo, ainda estou aprendendo sobre tudo, do amor à política.

Meu coração bate à esquerda e não poderia ser diferente, não depois de ver em tão pouco tempo de vida tanta injustiça provocada pelos coronéis e doutores de direita da nossa terra, não depois de ser enganado durante anos pela Globo, Veja e cia., únicos meios de informação a que tive acesso durante anos, nem depois de começar a ler o mundo, como aconselha Paulo Freire.

E, por fim, não sigam meu exemplo, sigam o de Janio de Freitas.

Nenhum comentário: