terça-feira, 20 de dezembro de 2011

AL Perigo

Medo. Está difícil até de respirar em Alagoas. Seja na capital ou no interior. A violência nos obriga a olhar, olhar e olhar várias vezes antes de atravessar a rua. Um cara mau pode vir de surpresa, sacar uma arma e levar, além de nossos pertences, a vida. 

Já se foi o tempo em que dormíamos de portas abertas no verão por conta do calor. Hoje, compramos condicionadores de ar. E portões enormes. E aumentamos o muro, colocamos cerca elétrica e cachorro brabo. Não adianta. O jeito é contar com a sorte. Ou com a esperteza ingênua de dar um trocado ao marginal para mais tarde ele não levar tudo. É uma realidade estranha, onde quem deveria estar preso é livre.

Enquanto isso, na periferia, mães rezam, rezam, rezam.

Alagoas, esse paraíso das águas, vai se colorindo de vermelho púrpura a cada dia nas folhas de jornal e telas de computadores e tv's.

Enquanto isso, no Palácio, o governador bebe seu uísque importado, longe dos ruídos e do calor.

A mídia alardeia os números.

Enquanto isso, silêncio no Palácio.

Jovens, negros em sua maioria, são assassinados todos os dias. 

Pessoas morrem nos hospitais sem atendimento.

Meninos e meninas sem escola digna.

Enquanto isso, silêncio, silêncio, silêncio... no Palácio. Não! Ouve-se um tin-tin!

Onde está o Superman? Batman, você está atrasado!

Cuidado, motoristas, vocês estão numa rodovia esburacada e sem sinalização, a AL Perigo.

As minhas Alagoas são outras, não custa nada repetir, né, Jorge?

José Minervino Neto

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Vale muito a pena ler este artigo da revista Piauí: Engolfado pela violência, de Plínio Fraga, que, ao contrário desse meu desabafo pueril, faz uma baita crítica à política de Alagoas e todo o seu retrocesso.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Nepotismo e chumbetagem

Nepotismo, ou favorecimento de parentes e/ou amigos na gestão pública, com ônus para o erário. No caso de laços consaguíneos, explica-se por si só, é uma luta pela sobrevivência da linhagem, nos demais, se não é por aptidão rara, é por pura chumbetagem (neologismo amplamente conhecido que dispensa explicações).

Isento-me de levar este zumbido para o campo do direito, do qual sou leigo. Vi por aí que há casos possíveis de nepotismo a depender do cargo que os parentes ocupam. De qualquer forma, é uma prática imoral que vai de encontro com a ideia de uma gestão transparente e ética. 

Afora a corrupção provocada pelos nepotistas, muito incomoda a forma como esses apadrinhados exercem suas funções na coisa pública. Se fossem ao menos competentes, mas na maioria provam o contrário. Imangino, do alto da minha ingenuidade, como certos sujeitos conseguiram chegar onde estão em funções importantes da gestão. Afinal, cada cargo exige uma aptidão mínima para ser assumido. Como alguém que mal foi à escola pode se tornar secretário de educação de um município (fato que testemunhei mil anos antes de Cristo)? Um engenheiro civil tem competência para gerir a saúde pública? As respostas são óbvias, né?

Pior que isso é a tal carteirada típica dos incompetentes. "Eu tô aqui porque trabalhei na campanha do Fulano", "Eu tenho carta branca", "Eu sou afilhado do vereador Beltrano"... Gente que exerce muito mal sua função e ainda explora moralmente os servidores concursados (os contratados são em geral chumbetas também, aí eles se resolvem no gabinete mais próximo). Gente que só chegou porque chumbetou durante um bom tempo. Gente que sequer se apresenta para assinar o ponto, os famosos "marajás".

É natural que os gestores habilitem pessoas de sua confiança para os quadros da gestão pública. Só não é muito legal o fato de alguns seres perniciosos, que mais atrapalham do que fazem, serem pagos com o erário público advindo dos escandalosos impostos pagos pela população.

O favorecimento de parentes/amigos merece sempre um olhar crítico e a intervenção do legislativo. Pois o Estado não é uma extensão da família, nos ensina Sérgio Buarque de Hollanda no clássico Raízes do Brasil, cujo capítulo se chama "O homem cordial". O Estado democrático não é hereditário, lembremos.

Eu me incomodo com essas coisas. E você?

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Segurança Pública? Onde?




União dos Palmares está entregue as baratas. É com essa frase que começo mais um post falando de problemas que parecem que nunca serão resolvidos. Queria um só dia não ter o que escrever nesse blog, mas a cada dia que passa nossa cidade tem mais e mais problemas que persistem em continuar perseguindo os cidadãos de bem, os trabalhadores e pais de famílias.

Esses dias vi no Facebook uma amiga reclamando de um assalto que tinha acontecido no estabelecimento de sua mãe, porém o que mais me chamou atenção não foi a notícia do assalto e, sim, os comentários que fizeram sobre o caso, comentários como: “Já tô até me acostumando, nem me abalo mais com as notícias... De vez em quando tem até um TIROTEIOZINHO na porta da minha casa!! Assalto já é rotina!”. As pessoas estão tão acostumadas com a falta de segurança da nossa cidade que acham normal esse tipo de acontecimento, como se isso fosse uma coisa natural. Não é e nunca será normal um assalto a qualquer hora do dia numa cidade como União dos Palmares.

Vejamos o que é a segurança pública por quem entende do assunto. Diz o Professor De Plácido e Silva: "Segurança: derivado de segurar exprime, gramaticalmente, a ação e efeito de tornar seguro, ou de assegurar e garantir alguma coisa. Assim, segurança indica o sentido de tornar a coisa livre de perigos, de incertezas. Tem o mesmo sentido de seguridade que é a qualidade, a condição de estar seguro, livre de perigos e riscos, de estar afastado de danos ou prejuízos eventuais. E Segurança Pública? É o afastamento, por meio de organizações próprias, de todo perigo ou de todo mal que possa afetar a ordem pública, em prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedade de cada cidadão. A segurança pública, assim, limita a liberdade individual, estabelecendo que a liberdade de cada cidadão, mesmo em fazer aquilo que a lei não lhe veda, não pode turbar a liberdade assegurada aos demais, ofendendo-a".

Depois da explanação do professor De Plácido e Silva, eu pergunto: quem em União dos Palmares tem essa tal segurança ao sair de casa? Você já foi assaltado? Já teve algum bem furtado? Já foi vítima de alguma violência? Se ainda não, você é uma pessoa de muita sorte, contudo sua vez está próxima, muito próxima.

É triste, mas é a pura realidade da nossa cidade, não estamos seguros nem nas nossas casas. Quem nos garante que ao sair de casa voltaremos ilesos? A polícia que mesmo tentando ajudar fica impossibilitada pela desvalorização do governo? O próprio prefeito, que com certeza não está preocupado com a situação, pois está seguro no aconchego de sua residência? Ou os vigias que para fazer nossa segurança usam um apito e um pedaço de pau? Pois é, a segurança pública do nosso município está definhando cada vez mais e até então ninguém aparece para resolver o problema.

Por fim, fica um apelo ao senhor prefeito, pois reformas e carros de lixo novos não resolvem os problemas maiores do nosso município. Não é mascarando a estética da cidade que as coisas tomarão o rumo certo, não é fazendo a política do pão e circo que Vossa Excelência resolverá os nossos verdadeiros problemas, que não são poucos, está na hora de parar de brincar de administrar, de sair desse marasmo e arregaçar as mangas, ou será tarde demais para termos uma cidade digna de morar e viver, sem medo de sair à porta e voltar sem a roupa do corpo.


Igor Monteiro

domingo, 13 de novembro de 2011

O mundo, Raimundo

Sinto-me cada dia mais solitário neste vasto mundo, Raimundo. Para onde foram as pessoas de bem? Acho que estão escondidas para não serem confundidas com seres de outro mundo. Às vezes, absorto num espírito de coletividade, eu pensava que a maioria das pessoas ficava horrorizada com cenas de violência, corrupção etc. Mas, não, uma quantidade significativa apoia ações truculentas da polícia e continua votando em políticos corruptos, em parlamentares-latifundiários que criam leis anti-trabalhistas etc. etc.

É, não vai bem o mundo, Raimundo.

José Lins do Rego era escritor e Flamengo doente, tão doente do coração que seu médico o proibiu de ver aos jogos do Mengão, de tanta emoção que as partidas de futebol lhe proporcionavam. O meu médico do SUS um dia vai me proibir de acompanhar o noticiário e mais ainda, determinará que eu não veja/leia os comentários reacionários e desumanos da população "democrática" que usa a Internet para os piores intentos. 

Meu coração não aguenta tanta "emoção", Raimundo.

Por que somos hoje pessoas tão ruins, Raimundo? Tudo bem não simpatizar com a causa dos estudantes da USP. Maconheiro, quando não é filho ou parente próximo, está sempre errado mesmo, né?. Mas apoiar ou incentivar que a Polícia Militar "desça o cacete" em jovens indefesos contra bombas de gás e balas de borracha, mesmo que o apoio seja via Facebook de algum lugar perdido no Nordeste ("Até tu, Brutus?") é muito estranho, para não dizer desolador. Ninguém quer ao menos escutar as ideias propostas pelos uspianos e nem é necessário, porque a televisão, dona da verdade, não mostra, e não mostra certamente porque é desnecessário. E a Internet só serve agora para que as pessoas exponham "democraticamente"  seus preconceitos e banalidades, até universitário entra nessa onda. Entendeu? 

No meu tempo, as pessoas saíam melhores da Universidade do que entravam, Raimundo.

Em Tropa de Elite 1, Raimundo, o Brasil aplaudiu a truculência policial e lemas como "bandido bom é bandido morto", traduzindo, bandidinho que está na base da cadeia alimentar do crime tem de ser morto, quem está no topo, o bandidão, lucrando com o tráfico e a corrupção, não. Quer dizer que o problema da violência é do favelado que mal sabe empunhar um fuzil comprado das mãos de um... policial! (que remete o lucro ao seu superior, e este ao seu superior ad infinitum).

Ainda bem que José Padilha e Wagner Moura se redimiram em Tropa de Elite 2, Raimundo.

Que mundo, hein, Raimundo? Sei que você é só uma rima, Raimundo, sei também que este textículo é uma prosa sem muita rima, sem nenhuma solução pro mundo, Raimundo. Mas eu continuo tentando ser gauche na vida.

José Minervino Neto

sábado, 5 de novembro de 2011

Garis: faça sol ou faça chuva


                                                         Foto: Andreson Melo

Certa vez li um artigo de um advogado chamado Sérgio Ferreira Pantaleão que é responsável técnico pelo Guia Trabalhista, que falava sobre o uso de equipamento de proteção individual no trabalho (*EPI) no qual ele falava que não bastava fornecer os equipamentos de proteção individual, mas que era preciso também fiscalizar o uso desses materiais.
Com essa fala começo a relatar um fato no mínimo irresponsável que está ocorrendo em União do Palmares, mais uma vez volto a falar de problemas simples de resolver, mas que parecem insolúveis para os administradores dessa ‘bodega’ e que uma cidade como a nossa não deveria está passando, vamos de fato ao que importa, os profissionais responsáveis pela limpeza das ruas, praças, parques e vias públicas de nossa cidade além de ter que encarar sol e chuva do dia a dia para deixar a cidade mais apresentável tem que enfrentar a falta de respeito da administração da cidade para com eles, basta olhar a sua volta e você perceberá a falta de assistência que é dada aos garis, falta de vassouras adequadas, botas, luvas, máscaras, óculos de proteção, capas de chuvas, fardas entre outros equipamentos.
Todo mundo sabe reclamar quando a cidade está suja, mas nunca vi ninguém falando dos ‘maus tratos’ que esses profissionais estão sofrendo, salvo o Andreson Melo que foi quem deu a idéia do texto. Mas o que importa de fato é que numa cidade de quase setenta mil habitantes, os profissionais da limpeza não têm condições mínimas de trabalho, o que tem é apenas um carro de mão velho, um resquício de pá e sobre a vassoura prefiro nem falar.
Vocês caros leitores podem até indagar: Mas e os novos caminhões de lixo que chegaram à cidade? Respondo: caminhão nenhum trabalha só, até pra trabalhar nos caminhões é preciso um treinamento adequado que desconfio muito que esses profissionais tenham, sem falar na questão da **insalubridade que aí já são outros quinhentos, mas a questão é que todos que trabalham com algum tipo de risco precisam mais do que nunca usar os EPI’s.
Apesar do desleixo da população e até dos próprios trabalhadores que talvez nem saibam que o uso desses equipamentos é um direito deles, faço um apelo às autoridades desse município que apesar de ser chamado de a capital da zona da mata, ainda engatinha e de uma forma muito lenta para o que consideramos uma cidade modelo, pois não adianta querer resolver problemas considerados grandes sem primeiro reparar os considerados menores, pois são esses problemas menores que acarretarão na nossa permanência nesse definhamento que nossa cidade se encontra.


* “EPI é todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado a proteção contra riscos capazes de ameaçar a sua segurança e a sua saúde”. Sérgio Ferreira Pantaleão

** Segundo a CLT, é considerada atividade insalubre aquela em que o trabalhador é exposto a agentes nocivos à saúde acima dos limites tolerados pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Igor Euclides Monteiro

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Religião: uma questão no mínimo escalafobética

Existem vários textos que tratam do tema religião X ciência, mas a grande maioria relata que uma não acorda com a outra, e também que uma não existiria sem a outra, que uma de certa forma dá suporte ao embasamento da seguinte. O que proponho aqui é um ponto de vista um pouco diferente dos outros, farei uma perspectiva diferente, onde a religião não só se contrapõe à ciência, bem como ela não deve se basear na teoria da ciência para conseguir continuar na ativa, pois a ciência não se baseia na religião, a não ser para provar que algo que foi dito está errado.

          A ciência vive em paralelo com a religião, sim, porém pelo simples fato de querer de uma vez por todas responder a perguntas que até hoje ninguém conseguiu decifrar. Por outro lado, ela não se baseia em religiões, nenhuma, ela vive paralelamente, de forma sucinta e coerente, sem querer fazer comparações nem querer provar que é melhor ou não, simplesmente faz o que seu nome quer dizer em sua essência (do latim scientia, traduzido por "conhecimento"), traz conhecimento evidenciado para evoluirmos, mentalmente e humanamente, sem precisarmos nos apegar a nenhum escrito disso ou daquilo. Sem mais delongas, vamos ao que interessa.

           Há pelo menos duas formas da religião encarar a ciência, seriam essas: a fundamentalista, que diz que o mundo foi criado há cinco mil setecentos e setenta e um anos e que Deus já criou o ser humano do jeito que é hoje, assoprando uma estátua de barro, assim criando Adão e tirando uma costela dele criou Eva; a moralista diz que o mundo tem quatro bilhões e meio de anos, porém que Deus está por trás de tudo, até mesmo da evolução.

          Certa vez assisti a um vídeo no Youtube, de um cara chamado Fábio Marton, que dizia mais ou menos assim: “Os cristãos moderados têm uma visão sobre a evolução que é bastante popular, mas é também errada, a evolução sempre nos leva a falar que tal animal é menos evoluído ou mais evoluído, do menos parecido com o mais parecido com o ser humano, do mais simples pro mais complexo. Em muitos casos na evolução significa a perda de complexidade, por exemplo, os urocordados são animais marinhos parentes dos vertebrados, mas se parecem amenos, eles já foram mais complexos do que são os de antigamente, eles tinham uma vida livre no mar, eles pareciam com peixe e hoje eles são como anemaros primitivos. Se você parar pra pensar é um plano escalafobético esse de Deus de usar a evolução pra criar um animal para que ele pudesse encarnar e morrer em nome de nossos pecados, se o universo tem quatorze bilhões de anos, há quatro bilhões e meio de anos surge a Terra, há três bilhões e oitocentos milhões surge à vida na Terra, há um bilhão de anos surgem animais multicelulares e há mais ou menos quinhentos e cinquenta milhões de anos, na explosão do cambriano, surgem animais complexos e ainda assim o maldito ser humano que estava lá e era o plano de Deus desde o começo só veio surgir a duzentos mil anos”.

        Com essa provocação do Fábio eu tento exprimir uma linha de pensamento em que os verdadeiros religiosos (que não é o meu caso) deveriam se basear em outros argumentos, pois se eu deixo brechas numa colocação, essa brecha serve de auxílio num debate para os ímpios, que, por sua vez, não têm obrigação nenhuma de provar ou deixar de provar nada, mas, sim, de questionar e ser questionado quando for necessário.

        A religião está se tornando cada vez mais escalafobética, estranha, afobada, pois tenta acompanhar os avanços e com isso acaba se contradizendo sobre muitas coisas. Não estou aqui para julgar, mas como um ser crítico sinto o dever de expor meus pensamentos sobre tal assunto que muito mexe com as pessoas. Então, fica a dica para os que insistem em continuar com colocações preconceituosas e que não ouvem outras opiniões: tenham argumentos embasados na própria religião em que acreditam e vivam em paz, pelo menos consigo mesmos.

                                                                                                                   
                                                                                                                              Igor Monteiro

Imagem e semelhança de quem?

A liberdade religiosa, assim como a de expressão, é um dos direitos inalienáveis do cidadão brasileiro ou estrangeiro nesta pátria mãe gentil. Poderíamos aproveitar esse argumento, respaldado na Constituição, para reverberar a visão romântica de que somos um país harmônico em meio a tanta miscigenação racial e cultural, mas de modo algum isso pode ser dito sem reservas.

A quantidade de pessoas que odeiam e hostilizam a religião do outro é enorme, e só cresce. Que o diga os adeptos das religiões de matriz africanas, constantemente associadas ao satanismo. Deixamos claro que isso não é um problema filosófico da teoria de tais credos, pois, por exemplo, no Cristianismo a maior admoestação de seu fundador vai justamente no sentido contrário de tudo o que presenciamos em nosso tempo. Nem mesmo os radicais islâmicos possuem tal princípio que legitime o ódio gratuito. Aliás, religião nenhuma induz à desarmonia entre os homens. 

Mas parece que as pessoas ainda vivem na Idade Média... Se antes eram os protestantes que lutavam pela liberdade de professar suas crenças livremente, hoje são os herdeiros de tais doutrinas que tentam cercear a liberdade alheia. Situação paradoxal. O que nossos irmãos protestantes fariam se possuíssem armas de fogo tal como os talibãs? Reflitam, é ou não é o mesmo sentimento?

Sou agnóstico. Fico cismado sempre que alguém, principalmente se for conhecido dos meus tempos de cristão, pergunta "como estou com Deus". Ora (pro nobis), "não estou". Pronto, é motivo para um sermão, que nunca escuto por já conhecer os argumentos bíblicos e, na maioria das vezes, estar a caminho de compromissos mais urgentes.

Neste domingo, 30 de outubro, às vésperas do dia do Protestantismo, o Professor Reinaldo Sousa, diretor do Campus da UNEAL em União dos Palmares-AL,  foi vítima de uma investida fundamentalista por simplesmente cumprir seu papel de gestor de uma instituição pública, portanto laica, regida por leis federais. E só para não me delongar neste aspecto jurídico, nenhuma lei municipal ou estadual tem efeito superior a uma lei federal. A polêmica diz respeito às faltas não abonadas dos alunos adventistas do 7° dia às sextas-feiras à noite, que se dizem amparados por lei municipal e estadual. Como expõe o professor no blog NEPEM, este é um direito inconstitucional. A reclamação dos alunos chegou à Gazeta de Alagoas, jornal de maior circulação no estado, e foi ressonada insanamente no blog do "jornalista" Ivan Nunes, A Palavra.

Basta ler as palavras de Ivan Nunes, especialmente nos comentários, para perceber que aquele paraíso brasileiro da liberdade religiosa está distante, muito distante de ser uma realidade. 

Não vou adentrar mais nesta polêmica. Digo apenas que conheço Reinaldo Sousa há tempo suficiente para afirmar sua integridade moral, profissional e humana. Só lamento que um caso de intolerância e ignorância (das leis e outras cositas más) tenha acontecido tão perto de mim e não no Oriente Médio onde isso já é rotina (mas não deveria, registre-se). Lamento ter de conviver com pessoas que não respeitam os limites do outro em todos os sentidos, não só religioso. Mas o mundo não é meu nem está ao meu bem-querer. Por isso, meus pais me ensinaram a respeitar a todos.

Lamento, enfim, vir da boca dos cristãos as maiores baforadas de dragão. Imagem e semelhança de quem mesmo? Em nome de qual SENHOR falam: o de 1 Samuel 15, versos 1-3, ou o de Mateus 22, verso 39?

2011 d. C., o mundo ainda sobrevive...

José Minervino Neto
Ex-católico, ex-protestante adventista do 7° dia, ex-cristão. 
Agnóstico, democrático, reverente.

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Um lindo sermão do pastor Martin Luther King Jr., grande ativista norte-americano pelo direito de igualdade, que foi morto justamente por defender tal causa, está disponível aqui. Apreciem, irmãos!

sábado, 29 de outubro de 2011

Originalidade

O problema da originalidade abate o ânimo de qualquer iniciante. Todos imitam, lembremos. Logo todo artista se baseia na obra de outro, ou melhor, de outrem. E nessa digressão poderíamos chegar ao primeiro artista. Mas como se os deuses estão inacessíveis e fartos de nós? Então, como se transformar num deus?

Hoje, com tanta gente iluminada pelos holofotes da mídia, é muito difícil encontrar essa divindade, sobretudo, com a "patrulha da originalidade" sempre atenta, que não deixa escapar detalhes mínimos, nenhuma sutil inspiração. Essa turma esquece o quanto somos profícuos em evoluir, ampliar, adaptar, mas não muito habilidosos no ato de criar. Por isso, compor parece-nos o verbo mais digno que há na boca do artista, pois tem a ideia de juntar partes. "Estou compondo", quer dizer, "Estou juntando coisas". E com muito trabalho e tempo depois talvez venha ao mundo outro Frankstein, ou quimera, ou esfinge. Escolha a mitologia.

Nossa proposta aqui não vai além da exposição da angústia que a originalidade impõe a quem seja for. Obviamente, ela é importante, contudo sem ser levada a sério em demasia para não podar a criatividade e o ato. Com a profusão de tantos sujeitos, resta adquirir personalidade para não ser confundido com os semelhantes. Bem como não se desesperar e cessar as atividades.Afinal, gostamos quando certas coisas se repetem. Está aí Camões que não deixa Vinicius de Moraes mentir. Afinal, quais são as palavras que nunca são ditas, né, Renato Russo?

Vamos relaxar um pouco de vez em quando, permitir que o prazer domine mais que a crítica vazia e as divagações academicistas. O filme é bom, cumpriu sua meta de entreter? Ótimo. "Ah, mas usa as mesmas piadas daquele outro!". Pow, cara, tu é chato, viu? Nunca se olhou no espelho, não? É isso, nos desarmemos e exijamos sempre dentro dos limites. Densidade e "pureza" só nos clássicos. E olhe lá! Sei, nossos padrões de beleza são altos, mas custa muito não ser o chato da vez? 

sábado, 22 de outubro de 2011

Notas


(Com muito, muito atraso!)

O troco

Sou do tipo freguês fiel, gosto de manter vínculo com lugares e pessoas que me servem bem, principalmente quando não tenho de gritar para ser atendido. Porém, uma coisa muito chata está acontecendo em determinados estabelecimentos comerciais em União dos Palmares, do menor ao maior, de supermercado à lanchonete. Sempre faltam aquelas moedinhas “quebradas”. Quando isso acontece, logo a mocinha do caixa indaga (quando indaga): “Não tenho moedas, quer um chocolate no lugar dos R$ 0,50?”. Ou então já vai mandando junto do troco uma porção de confeitos (prefiro os de hortelã). É ou não é uma coisa muito chata ser obrigado a consumir além do que se previa? Os caríssimos comerciantes funcionam todos os dias, recebem moedas e cédulas o tempo todo, não poderiam fazer uma reserva para o troco “miúdo”? Ainda bem que em União dos Palmares não tem transporte coletivo, senão...
  
“As minhas Alagoas são outras”

Mais uma vez Alagoas é “destaque” nacional, desta feita, como o Estado com maior índice de homicídios do país. Nem vou me ater aos números, fica apenas a infeliz lembrança e a frase de Jorge de Lima, quando lhe interpelavam a respeito de sua terra natal por motivos como este. É bom lembrar mesmo que Alagoas não é apenas isso aí. (Cobras e lagartos! Rá!)

A moto da SMTT de União dos Palmares - Cadê a placa?


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"Meu filho vai ter nome de santo"

No dia a dia, ao longo de toda minha vida ouvi várias pessoas, convictas de sua posição proselitista, afirmarem que somente uma educação familiar baseada na religião seria ideal para formar homens e mulheres "de bem". Para esse grupo, ainda maioria mas cada vez menor segundo dados do IBGE, toda a ética e moral se concentram em dogmas e costumes milenares os mais diversos. No Brasil, podemos nos referir diretamente ao Cristianismo como a religião de maior dimensão, sem dúvida, a hegemônica.

Ou seja, para ser bom, a pessoa tem de ser católico, ou protestante, mas para não ficar nesse duelo de facções, vamos resumir: o cristão é o parâmetro de idoneidade. Pessoa que não acredita em Deus, que não tem fé, no mínimo, é desconfiável, não merece credibilidade, ou tem forte inclinação para o "mal". A sociedade brasileira ainda mantém viva essa herança medieval e trata como hereges os ateus, agnósticos e adeptos de outras religiões.

Não acredito que a religião seja o padrão ideal para formar pessoas íntegras, honestas, honrosas etc. Tem uma importância, sim, entretanto relativa. Por outro lado, uma educação religiosa severa tende a gerar intolerância, preconceito, discriminação. Enfim, a ideologia religiosa é falha e somente ela não garante nada. 

O fato é que o argumento da religião como o cerne da educação ideal não se sustenta perante a realidade concreta de que existem bons e maus, tanto em circunstâncias favoráveis ou desfavoráveis a isto ou àquilo. O que tenho aprendido é que boas pessoas convivem, ou conviveram, com boas pessoas que lhe ensinaram princípios universais de igualdade e alteridade, de respeito e comunhão sem exatamente seguir uma ideologia religiosa. Para mim, como diria Drummond, "amar se aprende amando".

Você é religioso e não concorda comigo? Tudo bem, respeito. Como disse, a religião é importante, porque ensina limites, disciplina, só não dá conta de tudo, pois se desse ninguém roubaria, ninguém mentiria, não se faria nenhum "mal". Haja vista que o maior ensinamento cristão é justamente o mais contrariado. Nota-se logo o tamanho da ilusão, do quanto paradoxal é o ser humano. Agora me digam a resolução desta equação com tantas variáveis? As pessoas mudam, os dogmas, não.

Outro fato preponderante: não existe receita para formar boas pessoas. Os pais controlam as crianças até o dia em que se tornam autônomas. Por escolha própria elas decidirão seguir o que aprenderam ou construirão algo novo. Inclua-se aí coisas boas e coisas ruins. 

Não direi o que é ser bom ou mau. Estes conceitos diferem a partir do olhar de cada um. Nem quero "demonizar" a religião. Já que ela ajuda a definir parâmetros. Mas isso não retira o mérito de quem educa seus filhos sem princípios religiosos, afinal também se ensina ética, moral e bons costumes além dos muros ideológicos dos dogmas. Eis o ponto chave dessa discussão. Com ou sem religião é possível lograr êxito ou fracassar na educação de uma criança. Faz-se o que está ao alcance, na maioria das vezes.

"No fim, a decisão é sua, meu super-heroi". Penso nisso toda vez que tento ensinar algo ao meu sobrinho... Porque só pudemos escolher seu nome.


José Minervino Neto

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Destacamos com este texto nosso olhar para outras questões inquietantes como religião, ateísmo, agnosticismo etc., que permeiam nosso cotidiano e aproveitamos o ensejo para ratificar nosso posicionamento em favor da liberdade de expressão. Ou seja, ficou 10inquieto com nossas provocações, pronuncie-se. Seu espaço é garantido, assim como nossa tréplica.

Preciso explicar de onde vem o título desta postagem? Não, né?

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Demolição X Preservação

Todas essas obras são importantes para a cidade. Mesmo não agradando a alguns, é certo que todas mudarão o espaço urbano e vão gerar emprego e renda para União dos Palmares. (JMarcelo Fotos)


Fotos: JMarcelo Fotos

Ok, a Vila Magdala era um patrimônio privado e o proprietário poderia, como fez, destinar ao imóvel qualquer fim. Contudo, não deixa de ser um fato lastimável tendo em vista seu valor arquitetônico e o ar colonial que exalava ao espaço da avenida. Eu me lembrarei sempre do local, da fachada roxa com detalhes amarelos, da varanda onde ingeri altas doses de composto etílico de cevada e, especialmente, de certa festa de aniversário há três anos, num junho chuvoso. Pois é, boas lembranças.


Mesmo não gostando da notícia, mesmo sabendo que a demolição do prédio foi um atentado bem sucedido à história de União dos Palmares, resigno-me, porém sempre à revelia e sob protesto.


No caso da Vila, nada pode ser mais feito, situação irreversível. Mas por pouco não se perderia totalmente a Casa de Maria Mariá, que será reaberta no dia 11 de outubro, segundo o site O Relâmpago, e a Casa do Poeta Jorge de Lima. Se essa malemolência continuar (e vai mesmo), outros prédios serão apenas memória fotográfica, como o do (já antigo) Colégio Cenecista Santa Maria Madalena, algumas casas que mantêm a fachada clássica preservada, o Centro de Formação de Professores Rocha Cavalcanti, por sinal o mais belo da cidade, e outros.

Marcelo está corretíssimo quando assinala a importância econômica de casos como o da Vila Magdala e outros citados em seu blog. “Para o alto e avante!”, diz o ditado capitalista.  A receita de União dos Palmares agradece. Só espero que isso seja revertido em ganhos reais para a população palmarina, sobretudo, dos bairros periféricos cujos problemas nem é preciso relatar aqui (por enquanto).

Apenas emprego de mão-de-obra barata num supermercado, ou mercadinho, não muda a vida de ninguém nem uma cidade. E a história não tem preço.



José Minervino Neto

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Leia mais sobre a Vila Magdala no blog A Terra da Liberdade.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Político ficha suja, eleitor de cara limpa!



Vemos todos os dias na TV, no rádio, na internet falar-se de política, geralmente quando se toca nesse assunto é sobre roubalheiras, mensalões e corrupção em geral.  Todo mundo está desanimado com a política e, principalmente, com os políticos brasileiros. Desde criança a gente escuta nossos pais falando que tal político roubou aquilo, que aquele outro sonegou isso, nunca se ouve falar que os mesmos foram presos pelo que fizeram para com a sociedade, se aconteceu foi um caso isolado, o “cara” ficou pouquíssimo tempo detido e com regalias que nenhum outro preso teria direito.

Hoje em dia para se ganhar dinheiro há duas opções, abrir uma igreja ou virar ladrão, perdão, a última opção seria virar político, mas foi força do hábito. Em tempo de campanha eleitoral, sempre se vê candidatos às portas prometendo tudo, de uma chapa de dentes até casas, porém depois que a eleição passa e eles conseguem o que mais querem, o voto, entram em seus carros do ano, com vidro fumê e blindados, e vão embora por mais quatro anos, que é quando voltam com uma cara de jumento sem mãe para de novo pedir sua ajuda.

Olhe bem o que disse antes, pois eles voltarão com certeza mais uma vez para prometer-lhe e não cumprir, no entanto o que enfatizo é que você faça por onde eles nunca mais voltem, que eles nem se elejam.

Demoramos a perceber que nós estávamos e estamos sendo ainda surrupiados por esses crápulas bem vestidos e de mentes subordinadas por uma única coisa e com um único propósito: o dinheiro fácil.

A palavra da vez é: CHEGA. Chega de tanta injustiça com o nosso povo, chega de tanta roubalheira virando notícia de primeira mão na TV. A era dos engravatados tem de chegar ao fim e dar espaço a nossa, dos “pés descalços”, porque esperamos muito tempo para ver o que estava à nossa frente.


Igor Monteiro

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Um poema perturbador



No caminho, com Maiakóvski (fragmento)

[...]
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
[...]

(Eduardo Alves da Costa, poeta fluminense)


Conheci este exato fragmento poético nas rodas de amigos e simpatizantes no meu tempo saudoso de aluno avoado de História/UFAL, nos corredores do CHLA (atual ICHCA). Pensei, como todo mundo numa época de pouca Internet, que fosse de autoria do poeta russo. Mas como podem ver, não é. Explicações detalhadas aqui.

Relembrando o poema, refleti um pouco sobre a palavra povo. Nas mais variadas acepções permanece o sentido de unidade coletiva. Esse nós virtual, imaginado, que materialmente não existe, ou pelo menos não faz jus ao dicionário.

Digo isso porque o eu (unidade, a parte) deveria se sentir parte do nós (conjunto, o todo), já que é povo. Onde está nossa empatia de ver o outro? Além de mudos, cegos?

A voz do povo é uma voz silenciada no Brasil, em Alagoas, na Zona da Mata, aqui. Sem poder gritar, o povo é facilmente enganado, roubado, mortificado. Não são poucas as pessoas que vendem seu voto, que se entregam por favores, "viram a casaca", ou seja, cedem à pressão daqueles que não são povo (ou povão, como queiram); causando dissensão no conjunto. O todo se quebra, vira pó, e bem sabemos o destino do pó após uma faxina.

Este poema me perturba, e muito, toda vez que o releio. Mas pelo menos me deixa mais lúcido. 

José Minervino Neto

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Para ler a íntegra do poema, clique aqui.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

As intermitências da obra


A alma é divina e a obra é imperfeita. (Fernando Pessoa)

Foto: Franco Maciel
União dos Palmares está em obras, parecendo um canteiro enorme. E pergunto: “Vai ter jogo da Copa do Mundo de 2014 aqui também?” Não?! Mas bem que poderia, não era? Pra todo lado: buracos, barricadas, máquinas, trabalhadores e fluxo conturbado de pessoas e automóveis.

“Quebraram tudo, fizeram esse buraco aqui e deixaram pra lá?”, é o que penso toda vez que presencio esses cenários. Ou então, “por que não concluem esse troço de uma vez?”. Não pode ir por aqui, não pode ir por ali, dá-se um longo rodeio até chegar ao lugar mais próximo de onde se quereria chegar. Putz! #Fail, como se diz no Twitter.

Deve-se ressaltar de antemão que são obras necessárias muitas vezes, as públicas especialmente, para pôr um pouco de ordem nesse caos urbano palmarino. Contudo, não se pode deixar passar incólumes os responsáveis por tantos transtornos.

Não bastasse a quantidade de buracos em certas vias da cidade e a total inexistência de calçamento em outras, a população além de tomar cuidado para não cair nessas “crateras”, bem como desviar do material de construção de obras privadas espalhado no passeio público (calçada pra quem não foi à autoescola ainda), é forçada a se adequar à situação e dividir espaço com condutores de veículos mal-educados, beligerantes, “iNgnorantes” etc., etc.

Foto: Franco Maciel
As desculpas, ou melhor, os clichês persistem. “Ah, a chuva atrapalhou!”, brada o poder público. “Onde vou colocar a areia?”, berra o comerciante. E eu respondo solenemente: “Não sei”. Mas tem quem saiba, porque em outros lugares se faz o mesmo tipo de coisa com menos impacto na rotina da população.

Diante de tanta intermitência, tanta procrastinação e ingerência o diagnóstico é simples: “Tá tudo errado (mesmo quando o objetivo é correto)”. E a solução também não é segredo pra ninguém. O poder público dispõe de receita suficiente para concluir as obras, do contrário nem as teria iniciado. Contratar profissionais sérios e competentes, licitar sem sofreguidão e exigir das empresas vencedoras do processo licitatório o cumprimento dos prazos e um serviço de qualidade é o mínimo. Para a iniciativa privada, há casos aqui mesmo de reformas e todo tipo de obras realizadas sem a necessidade de ocupar o espaço dos pedestres e a criação de insalubridades. Dinheiro sei que também têm, do contrário, ops, já usei essa frase.

Passou da hora de União dos Palmares deixar de ser uma cidade grande (comparada a Branquinha, com todo respeito aos meus conterrâneos) e se tornar uma grande cidade. Aspas nessa oração, que decerto não é uma acepção minha, mas de todo aquele que vive nessa terra inculta e bela (com licença, Fernando Pessoa, novamente) e sabe de suas potencialidades.
  
Ah, sim! A respeito do título leiam As intermitências da obra, de José Saramago, a quem também peço licença.


José Minervino Neto

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Imagens retiradas do blog A Terra da Liberdade, de Franco Maciel.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Sobre os deveres descumpridos!

                                         Foto: Andreson Melo                      
É incrível numa cidade “desenvolvida” como União dos Palmares as coisas acontecerem às avessas (na maioria das vezes), ouve-se o povo reclamar de tudo, mas na hora de fazer sua parte o que se escuta é a voz do silêncio, essa voz é a mais que predomina em nossa cidade a do silêncio, ganha mais quem fica de boca calada, quantas e quantas vezes não vimos pessoas fazendo seu trabalho indevidamente? Como é o caso dos guardas municipais que aplicam multas indevidas ao invés de fazerem seus verdadeiros deveres que é, auxiliar na segurança da população.  
Quantas vezes também não vimos os próprios guardas de trânsito praticando atos irregulares (no trânsito), mas o que fazemos a respeito? NADA, isso mesmo, nada, sempre cruzamos os braços, viramos a cabeça e fingimos que não é com a gente, mas BASTA! Chega de tanta arrogância e prepotência dos que deveriam fazer o mínimo, fazer os seus deveres e além de não fazê-los ainda atrapalha quem quer ajudar, e detalhe, eles ganham pra isso, vejamos a foto acima, uma ambulância do município que deveria estar levando doentes, que não são poucos, para o hospital mais próximo, que no caso é o de Maceió, isso mesmo, pois não posso considerar o São Vicente de Paula um Hospital, pois falta muito pra isso, aquilo é no mínimo um posto de saúde e mal estruturado, mas voltando ao assunto, o motorista da ambulância que deveria cumprir o seu dever, além de estacionar em local proibido, ainda está fazendo tarefas pessoais, nesse caso o motorista estava comprando material de construção, como mangueiras, fios entre outros, usando uma das poucas ambulâncias para transportar materiais de construção, isso por ordens de terceiros de fato, pois ele só recebe ordens, são os famosos peões amordaçados, enquanto isso as pessoas ficam a mercê desse serviço caquético e caduco, fica a pergunta no ar, será que essa ambulância terá os devidos cuidados para depois levar doentes para os hospitais? Além de esperar horas e horas ainda tem que ir num transporte imundo e depravado. Pois é, meus caros, essa é a nossa realidade, essa é a ‘grandiosa’ União dos Palmares, onde quem deve fazer seu dever não faz e não fazendo termina por jogar o dever pra outro e assim sucessivamente e quem deve reclamar finge que nada aconteceu, pois essa meus amigos é a cidade onde a voz que mais ecoa é a VOZ DO SILÊNCIO! Cala-te diante da tua realidade ou levanta-te e grita junto aos oprimidos.