quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Notas de fim de ano

2012 vai embora daqui a pouco, deixando como qualquer ciclo uma série de fatos notórios que na visão histórica tradicional seria compilado nos livros.

Eu, que nunca fui historiador, no máximo um professor esforçado de tal disciplina, atrevo-me a elencar três acontecimentos que marcaram a passagem deste ano em trê níveis: federal, estadual e municipal. Adotemos, pois, esta didática e comecemos do "menor para o maior".


As eleições municipais

Em todas as cidades com a qual tenho alguma relação houve a renovação. Renovação da tradição, do atraso e perpetuação das mazelas já conhecidas. Exceção foi a nossa União dos Palmares que surpreendeu. O povo, na privacidade da urna, derrubou o favoritismo de Manoel Gomes de Barros, o Mano, e elegeu Beto Baía como prefeito. Como podem perceber em crônicas do início do pleito, eu sempre demonstrei suspeita sobre a possível vitória de Baía, haja vista o apelo e hegemonia política de Mano. Agora o novo prefeito encontra uma União dos Palmares com graves problemas e cheia de vícios: trânsito caótico, escolas decadentes, atendimento de saúde insuficiente, falta de política pública para a juventude etc. O desafio é grande, ainda mais se colocarmos em conta os compromissos de campanha que o novo prefeito assinou. A autoestima do palmarino está baixa e se revigorou um pouco com esta expectativa de mudança. Tomara que o povo não seja lesado. O povo sabe dar a resposta, não o subestimem!

Violência e educação

Alagoas novamente foi manchete nacional pelos piores motivos: aumento da violência e descaso total com a educação. Resultado: o estado é o campeão em criminalidade, várias cidades antes pacatas agora têm de conviver num clima de insegurança jamais visto. Drogas, assassinatos, roubos frequentes diante de uma força policial reduzida, mal aparelhada, com um modus operandi do tempo da escravatura em todos os sentidos, inclusive na hora de apontar a arma e matar o primeiro negro pobre suspeito.

O alto índice de criminalidade deflagra não à toa o péssimo índice de educação em Alagoas. Crianças e jovens que deveriam estar na escola, estão nas ruas, nas vielas, sobrevivendo como as circunstâncias possibilitam. O governo tucano do senhor Teotônio Vilela simplesmente fechou os olhos para nossos meninos e meninas que crescem sem expectativas, sem oportunidades que bem sabemos só a educação de qualidade oferece ao filho do trabalhador. As notícias são as piores, desde a falta de professores ao atraso das reformas prometidas para conclusão neste fim de ano, que se delongará por mais 90 dias. Absurdo é pouco.

E nem quero aprofundar sobre o trato desonesto que o governo dá às universidades estaduais, a Uneal em especial por eu fazer parte. Técnicos e professores desvalorizados, sem carreira e salário compatíveis com a função exercida numa autarquia, alunos forçados a estudarem em carteiras de séries iniciais no Campus de União dos Palmares. Para se ter uma ideia mais medonha, o cerimonial do governo gasta mais com cafezinho do que com a Uneal anualmente, nas palavras do professor Luizinho. Ainda assim, resistimos por acreditar no papel da nossa instituição para o povo alagoano do interior, sobretudo.

Ação Penal 470, vulgo Mensalão

Deu preguiça de acompanhar, e falta de tempo também. Portanto, vou apenas me deter à impressão que tive disso tudo. Por meses, foi o assunto mais comentado pela mídia nativa com o intuito de desconstruir o  Partido dos Trabalhadores, a imagem de Lula e todos aqueles que são apoiados pelo ex-presidente mais popular do Brasil. Culpados ou inocentes, seja do PT ou não, que cada réu arque com as consequências dos seus atos. Se o Supremo Tribunal Federal quis demonstrar o seu "renascimento" ao brasileiro, talvez tenha conseguido. Mas ficamos sempre na expectativa que este julgamento não se torne uma exceção. Está na hora de desengavetar crimes tão nefastos quanto desta ação penal. Como os casos decorridos no governo FHC, até hoje na poeira.

O STF evoluiu como nunca na história deste país, graças à postura republicana do ex-torneiro mecânico, que tratou com isenção cada escolha para ministro. Hoje temos um poder soberano, preocupado com os problemas na nação, como no caso do sistema de cotas, essencial para criar oportunidades à população excluída.

Porém, não nos iludamos. Por trás de cada um há sempre um interesse. Os ministros Fux, Marco Aurélio e Gilmar Mendes que o digam. Esta sensação que tentam passar de que os crimes não ficarão mais impunes não me convenceu, apesar dos avanços. E esse tipo de contradição é um prato cheio para a mídia que outrora achincalhava Joaquim Barbosa e hoje o exalta por cumprir seu papel.

Estamos indo... sabe lá até quando ou onde.

O Brasil tem tudo para dar certo, mas precisa ainda de tanto que dá a sensação de que não estarei vivo para ver isso. No entanto, eu sonho porque "senão as coisas não acontecem", como diria o grande Oscar Niemeyer.

Continuemos vivos e atentos em 2013.