sexta-feira, 29 de junho de 2012

Não veta, Dilma!

Há muito tempo a bandeira dos 10% do PIB para a educação vem sendo levantada. Uma das tantas boas determinações da Constituição Federal de 1988 que não são postas a cabo.

A matéria aprovada pela Câmara Federal esta semana é daqueles projetos que têm um objetivo nobre, porém que requerem manejos políticos diligentes e um enorme esforço de gestão. Dilma Rousseff corre o risco de tomar uma medida extremamente antipopular se não sancionar os 10%, caso tal percentagem prevaleça no Senado. Somado a isso está a atual crise no ensino superior e as trapalhadas do MEC. 

Haja pepino, batata, abacaxi... Mas quem governa tem de saber alimentar o fogo.

Outra coisa: o projeto em si já é um tanto azedo ao incluir o condicionador "gradual", mas (odeio admitir) é algo necessário. A economia mundial passa por recessão e, como bem sabemos, a nossa também anda meio capenga, com crescimento abaixo das metas etc.

De qualquer forma é uma vitória e um alento. Um país que não investe em educação simplesmente estagna, continua reproduzindo o modelo colonial de exportador de matéria prima, ao tempo em que importa produtos acabados e bem mais caros. 

Aprendi isso nas aulas de Geografia. Obrigado, mestres!

Agora é esperar o posicionamento dos senadores frente ao projeto e contar com a coerência da presidenta com seu discurso de campanha, quando prometia maior atenção e investimentos em educação. 

Sinceramente, tenho mais fé na Dilma que nos legisladores, não creio que ela quererá manchar sua gestão vetando o projeto. Seria desastroso para sua história e para a nação.

Afinal, educação é algo que trará maiores retornos ao Brasil que a nefasta Copa do Mundo de 2014...

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Para complementar, recomendo a leitura do texto do companheiro Paulo Veras.


sexta-feira, 22 de junho de 2012

Democracia impedida


Há poucas horas foi deflagrado um golpe de estado operado no Paraguai que destituiu Fernando Lugo da presidência do país, em tempo recorde, menos de 48 horas, que sequer garantiu amplo direito de defesa ao acusado. Um clara demonstração de que a democracia latinoamericana coninua frágil e à mercê do poder econômico, a saber, os latifundiários, maioria absoluta do congresso paraguaio. 

(Para entender mais afundo leia estes artigos aqui e aqui.)

Lugo, ex-bispo da Igreja Católica, eleito democraticamente pelo povo paraguaio, interrompeu o reinado do Partido Colorado que há 60 anos dominava e afundava o país. Sofreu vários ataques desde que assumiu a presidência em 2008, muito em virtude de seu apoio aos movimentos sociais e por ter em seu programa de governo a polêmica reforma agrária.

Aqui no Brasil temos uma bancada de deputados federais e senadores em Brasília muito forte, os ruralistas (latifundiários que outrora chamaríamos de coronéis). Estes formaram frente contra a PEC do Trabalho Escravo que visa desapropriar áreas onde for constatada tal prática ilegal. Com certeza, João Lyra é contra, só pra ficar num exemplo próximo.

No mesmo lado da trincheira dos ruralistas está a mídia, sempre pronta a difundir escândalos e provocar o desgaste da imagem àqueles que não compactuam com seus sórdidos interesses. Já vimos do que ela é capaz, principalmente quando tem o suporte dos EUA, que já reconheceu o novíssimo presidente paraguaio e que no passado financiou TODOS os golpes de estado na América Latina, inclusive poucos anos atrás na Venezuela. E não esqueçamos de Honduras em 2009.

Nesta noite a Rede Globo, através de seu principal informativo, o Jornal Nacional, demonstrou que é mesmo chapa branca, ou seja, para tal instituição, foi um impeachment e não um golpe o que ocorreu no Paraguai. Mostrou apenas Lugo, omitindo canhestramente quem são seus opositores, gente do mesmo tipo apoiado por ela aqui no Brasil.

Imaginem o tamanho do desafio de um/a presidente/a brasileiro/a para colocar em curso a Reforma Agrária se nem a Reforma Política passou ainda? Já perceberam o tamanho do fuzuê toda vez que o governo fala em regulamentação da imprensa?

Um novo golpe de estado pode ocorrer em momento oportuno no Brasil, onde a democracia tem pre$$o. 

Fiquemos atentos.

Quanto aos irmãos paraguaios, esperamos que os organismos internacionacionais ajam também rapidamente em prol da democracia e que Fernando Lugo retorne ao seu lugar de direito.

FUERZA LUGO!


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Conchavos fisiológicos

Falta bem pouco para a política pegar fogo, o que dependendo da região ou situação pode ser entendido de forma literal. Por enquanto, são apenas suposições e fechamentos de alianças. É o tempo dos conchavos fisiológicos que regem os jogos do poder em nosso país.

As polêmicas já são muitas, explodem na mídia e são "debatidas" nas redes sociais. A mais alarmante versa sobre a aliança entre o PT de Lula e o PP de Paulo Maluf na disputa pela prefeitura de São Paulo-SP. Isso revoltou boa parte dos militantes petistas e fez Luiza Erundina (PSB) declinar do posto de vice na chapa.

Então, em meio ao regozijo dos centro-direitistas e esquerdistas do PSOL, uma notícia, no mínimo, azeda para este último: PSOL, PSDB e DEM juntos em Resende-RJ.

Em União dos Palmares-AL, testemunhamos o pré-candidato a prefeito Jaiminho Vergeti (PP) elogiar publicamente, através das inexoráveis ondas do rádio, seu potencial adversário, Manoel Gomes de Barros (PSDB). Tudo ainda está em meio à surdina, aguardemos as próximas cenas e a trilha sonora.

Surpreso? Um pouco, por ser neófito nesses assuntos, porém nem tanto em nenhum dos casos citados. Depois de um tempo essas coisas acabam se tornando corriqueiras. Por isso a militância é tão urgente.

A reforma política tão esperada não veio, verticalização é algo que não "cola" na atual conjuntura e as forças da tradição e do capital se impõem implacavelmente na luta pelos seus desígnios enquanto o eleitor, principal elo dessa corrente, com raras exceções, desperta de seu berço esplêndido.

Tais grupos hegemônicos procuram sempre atrair mão-de-obra para a sua seara: "Venha para o lado negro da força". Ou estão sempre assumindo a "paternidade" de outrem para encurralá-los: "Eu sou seu pai" (traduzindo: "Eu dei emprego a/o você/seu parente"). O objetivo é sempre o mesmo: explorar para conquistar o poder. Dividir e enfraquecer os rivais. Confundir  e enganar o povo.

E aí, eleitor, vai continuar lavrando a seara sem ter parte na colheita?


sexta-feira, 15 de junho de 2012

A volta da Esperança

Já faz três noites que pro norte relampeia...

Minha mãe chegou esta semana em casa dizendo que compraria um par de sandálias para um menino da escola pública onde ela trabalha como professora, que estava sem frequentar as aulas por falta delas e cuja mãe estava preocupada, porque um número determinado de faltas por mês interrompe o fornecimento do benefício social oferecido pelo Governo Federal, o famigerado Bolsa Família. Pais desempregados, esta é a única fonte de renda da família, que ainda tem mais dois filhos.

Os programas de assistência social sempre foram alvo de críticas da oposição, especialmente após a ascensão do Partido dos Trabalhadores à presidência da República, responsável pela sua ampliação e, por que não, consolidação. E, obviamente, um Bolsa Emprego Digno seria infinitamente melhor que o Bolsa Família, no linguajar pejorativo, o "Bolsa Esmola".

O detalhe mais importante é que, afastado tudo o que poderia ser e não foi, o Bolsa Família está permitindo a sobrevivência de milhões de brasileiros, seja em meio à seca no sertão ou diante da velhacaria dos usineiros na zona da mata, ou nas cidades onde simplesmente "não há vagas".

É muito fácil, de barriga cheia e bem vestido, dizer que Lula foi um presidente assistencialista, como eu mesmo já fiz. Hoje, ao ouvir relatos como o de minha mãe fico menos triste, por saber que o menino terá algo para comer quando poderia não ter absolutamente nada sem a intervenção do Estado.
Cena do filme Vidas Secas. Eles caminham porque têm esperança. 

Outros programas também compõem um conjunto de ações relevantes às melhorias de vida do povo brasileiro, como a aposentadoria rural por idade, o Luz Para Todos e o aumento significativo de servidores públicos nos pequenos e médios municípios.

Antes que digam, este texto não é uma homenagem ao PT nem ao Lula, mas tão somente um reconhecimento da feitura de algo necessário. Algo que está salvando vidas e possibilitando sonhos. As pessoas simples de nossa terra voltaram a ter esperança.

Os centro-direitistas nunca entenderão, ou melhor, "engulirão" os avanços sociais que o Brasil logrou nos últimos 9 anos e meio. Poderia fazer mais? Não sei, então pergunto: o que você faria se fosse presidente/a de uma nação riquíssima onde seus compatriotas passam fome? Levaria primeiro uma escola ou alimento? Às vezes, um sem-teto nos pede um prato de comida e damos. Se pudesse alimentá-lo três vezes ao dia sem diminuir sua riqueza, você negaria?

Estou apelando mesmo e não me importo.

Como diria Luiz Gonzaga, o curral da miséria abriu-se e a fome está passando. Falta muito ainda até alcançarmos um patamar mais próximo do ideal humanista. Mas poderia ser pior...

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Adendo: Bolsa Família reduz violência, aponta estudo da PUC-Rio.
Ou seja, é aquilo que sempre se repetiu: quando a desigualdade social diminui os demais fatores adversos (violência, crime etc.) tendem a cair também.


segunda-feira, 4 de junho de 2012

COMENTÁRIO PARA A POSTAGEM SOBRE O MOVIMENTO UNIÃO PELA PAZ NO BLOG A PALAVRA, DE IVAN NUNES




Ivan, estou usando um espaço no blog pra fazer alguns esclarecimentos a você e aos seus leitores quanto aos fatos relatados na matéria.

Em primeiro lugar, deixo claro que falo por mim, que faço parte do “Movimento União Pela Paz” desde o dia em que resolvemos nos reunir e manifestar a nossa indignação com o crescimento da violência e com o “cruzar de braços” das autoridades competentes no município e no Estado.

Você, como jornalista, sabe bem da situação em que a cidade se encontrava e que, infelizmente, ainda se encontra. Sabe tanto que, por várias vezes, fez questão de expor cérebros esmigalhados pra mostrar como estamos vivendo feito bárbaros!

Em segundo lugar, gostaria de parabenizar a matéria, que apesar de alguns erros gramaticais, do sensacionalismo e de alguns dados equivocados fez o favor de colocar o “Movimento União Pela Paz” em evidência de novo. Hoje mesmo eu dei entrevista ao programa Show de Notícias, da Rádio Farol. Estava até com os olhos cheios de remela (kkkkkkk), mas isso não vem ao caso. ABAFA!!!

Quando falei sobre dados equivocados é porque você publicou que eram 18 vítimas. Na verdade, até antes da última morte o número certo era 19. Outro equivoco é quando diz que a placa está abandonada. Não é verdade. O próprio grupo é quem custeia as eventuais despesas do MUPP, entre elas as da atualização da placa. Por isso, ficou acordado que a atualização seria feita 1 vez por mês. Já estávamos pronto para atualizar com o número 19, mas aí ocorreu mais uma morte...

Outro erro que você insiste em cometer é quando se refere ao MUPP como um movimento político para eleger o Sérgio Rogério. Somos um grupo político, SIM. Afinal, viver em sociedade, viver organizado seja em um movimento, uma associação ou qualquer outra agremiação é fazer política. Principalmente, quando são pra exigir os seus direitos e ajudar a população. O QUE NÃO SOMOS É UM MOVIMENTO POLITIQUEIRO PARA ELEGER NINGUÉM. Mas em relação ao Sérgio, pro seu desespero e de muitos, torço pra que ele se eleja. E não tenho vergonha de dizer isso.

Ivan, meu querido (sabe que gosto de você, até falei na rádio Zumbi. Num foi?), em vez de sair escrevendo tudo o que vem à mente e, assim, informar os seus leitores de forma errada busque as informações primeiro. O movimento continua, não está em evidência porque alguns trabalhos são mais silenciosos. Desde o final da “Caminhada Pela Paz”, 6 de março, onde conseguimos atrair a atenção da mídia nacional (MENOS A SUA) fizemos outras ações. São elas: Fórum de Discussão Sobre a Violência, com a presença de advogados, policiais, membro do Fórum Nacional da Violência, estudantes... MENOS VOCÊ; palestras em escolas (outras serão marcadas com a presença de policiais); e fazemos parte, com 2 vagas, do recém-criado Conselho Municipal de Segurança de União dos Palmares. Convite feito pelo juiz Ygor Figueiredo.

Antes de você querer dizer uma piada e expor o meu e-mail, como faz com quem vai contra o seu pensamento, eu o deixo aqui: cremozema@hotmail.com, bem como deixo meus números de telefone 9381-0242 e 9693-8774 para quem quiser entrar em contato comigo para algum esclarecimento, elogio, reclamação, xingamento ou pra dizer que eu SOU LINDO!

Bom, vou ficar por aqui. No caso de você não querer publicar o meu comentário, ou editá-lo, vou te avisando que vou publicá-lo no Facebook.

Abraços,

ZEMA.

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O comentário do Zema foi direcionado ao jornalista Ivan Nunes, mas serve para muitos profissionais do jornalismo palmarino que envergonham a classe ao sequer averiguarem a veracidade das informações com "suas fontes" em muitos casos, e ao fazerem especulações baseadas apenas nas concepções daqueles que assinam suas carteiras. Obrigado, Zema, você disse tudo o que  pretendíamos dizer, só que melhor. (10inquietos)